Quantos realizadores podem gabar-se de terem feito sucesso com a sua primeira longa-metragem? Sejamos sinceros, nem sempre o primeiro filme de um realizador é capaz de ter o efeito pretendido no público. Mas se há alguém que pode ficar orgulhoso é Ari Aster, o realizador de Hereditário que rapidamente se tornou numa referência no género do terror americano. Ari é um dos convidados da edição deste ano do MOTELX. Estará presente no evento em, pelo menos, três sessões confirmadas: a antestreia do seu novo filme Midsommar, uma sessão com apresentação de Hereditário e uma Masterclass gratuita no último dia, 15 de Setembro (domingo). Ora, a verdade é que estamos ansiosos por ver o seu novo filme. Mas, por enquanto, trazemos apenas algumas palavras sobre Hereditário (2018).

A trama acompanha uma família depois da morte da avó materna. Charlie (interpretada pela maravilhosa Milly Shapiro) é a neta que via na avó uma grande amiga que cuidava dela, mas é também uma criança diferente e especial. Peter (Alex Wolff, que aqui se revela um ator muito melhor do que eu alguma vez achei que fosse) é o irmão mais velho, que nunca foi muito chegado à avó e por isso não sofreu com esta perda. Annie (Toni Colette – uma atriz do caraças) é a mãe que adora os filhos, mas que passa os dias a fabricar miniaturas e por isso não lhes dá a devida atenção. Esta podia ser uma família normal, no entanto, precisamente depois da morte da matriarca, começam a acontecer coisas estranhas, que levam a desenvolvimentos ainda mais estranhos, como presenças demoníacas e mortes inesperadas…
Este é um filme que começa num ritmo lento, mas à medida que avança vai ganhando uma maior força e mais suspense. O primeiro ato é calmo, mas necessário para situar o espectador. É precisamente aqui que Hereditário é diferente. Nos primeiros minutos consegue levar as audiências para dentro da ação, mostrando algo que já aconteceu a muita gente: uma tragédia familiar. Assim, o filme consegue tornar-se mais real e é isso que faz com que mais tarde, no terceiro ato, se torne realmente arrepiante.

Não sendo um filme com os típicos jumpscares dos filmes deste género (felizmente!), Hereditário consegue usar o horror de uma maneira muito boa, capaz de deixar o espectador com calafrios. Não assusta pelo inesperado, mas sim pela presença constante de algo que não temos bem a certeza se estamos a ver. Sim, neste filme existem muitas coisas penduradas nos cantos das paredes, mas na maioria das vezes não conseguimos perceber o que é. O trabalho dedicado à luminosidade permite isso: enganar os nossos olhares e provocar em nós sensações iguais às que por vezes sentimos quando pensamos que alguém nos está a observar à noite.
Relativamente às prestações, é de referir a fantástica interpretação de Toni Colette, que traz uma intensidade notável para a sua personagem. Por sua vez, também Milly Shapiro, a jovem que interpreta Charlie, merece destaque, pois muitos dos momentos mais arrepiantes do filme são em torno da sua personagem, que a determinado momento assume um certo protagonismo, mas rapidamente percebemos que apenas fomos enganados e levados a pensar que o plot seria algo que não é – nem será nada perto do que pensamos que será.

Ari Aster fez um excelente trabalho, não só na realização, mas também na construção desta história que nos deixa inquietos e sem certezas de nada. O inesperado torna este filme diferente de qualquer outro que tivesse sido feito até ao momento e acredito que esta fórmula vai voltar ao ataque agora com Midsommar. Em gesto de conclusão, resta-me apenas recomendar que o espectador veja Hereditário sem ter conhecimento algum sobre o que se trata. Se formos de mente aberta para este filme, torna-se numa experiência única e aterrorizante no cinema.
Como já aqui comentei, salvo raras excepções, este não faz muito o meu género.
ResponderEliminarNão é um estilo de filme que agrada a toda a gente...
EliminarQue ninguém seja enganado,
ResponderEliminarporque a qualidade que existe
para quem na plateia assiste
pois, que o seja de seu agrado!
Tenha um bom dia de Quinta-feira Joana Grilo.
Mais um belo poema seu! Um bom final de semana para si!
EliminarOi Joana, tudo bem?
ResponderEliminarEu lembro que na época do lançamento fiquei bem curiosa sobre e catei mil spoilers pra saber mais, pois sou medrosa e não tive coragem de assistir rs.
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Por acaso, tenho de admitir que este filme me fez um bocado de impressão quando o vi. E eu já estou tão habituada a filmes de terror que raramente causam algum efeito em mim! 😛
EliminarJá ouvi dizer que é muito bom, mas sou demasiado medricas xD
ResponderEliminarGanha lá um bocadinho de coragem, vá... 😜
EliminarAté fiquei curiosa, mas acho que não vou conseguir ver :o
ResponderEliminarÉ um estilo de filme que não agrada a toda a gente, mas fica a recomendação! 😛
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