Depois das vitórias de Parasitas de Bong Joon Ho nos Óscares, pareceu-nos boa ideia explorar aqui um pouco mais o Cinema sul-coreano, por isso vamos trazer vários Rebobinar dedicados a filmes deste país. Hoje falamos sobre um que foi um grande sucesso quando estreou, pelo modo como trata o seu tema com uma sensação de novidade, apesar de já ter sido tão trabalhado na área do entretenimento. Train to Busan (2016) – ou Busanhaeng no nome original –, realizado por Sang-ho Yeon, é, por meras palavras, um filme de zombies, mas durante as suas duas horas tem muito mais para entregar para além disso.

A trama começa por fazer uma breve introdução das suas personagens, antes de um vírus se espalhar pelas cidades, transformando as pessoas em mortos-vivos devoradores de humanos – zombies, portanto. Nesses instantes iniciais, conhecemos um pai, Seok-woo, e a sua filha, que quer ir para casa da mãe, depois de sentir que o pai está demasiado ocupado com o trabalho e que, por esse motivo, não lhe presta tanta atenção. É durante a viagem de comboio, para ir ter com a mãe, que coisas estranhas começam a acontecer: as pessoas correm pela vida, para fugir de um vírus que se propaga demasiado rápido.
Esta apresentação das personagens torna-se fundamental para criarmos uma certa empatia com elas, apreciando algumas das suas atitudes, carregadas de simbolismos. Vai haver um grupo de personagens que nos vai fazer desejar que sobrevivam a este “apocalipse”. Já perto do final, reconhecemos ainda mais a importância dos minutos iniciais, ao termos a “redenção” de um dos protagonistas, que pretende mostrar o que mais importa na vida.

A maioria da ação do filme desenvolve-se no comboio, estando limitada a um espaço quase claustrofóbico, o que intensifica o pânico das personagens. Ainda assim, a transição entre carruagens e o facto de estar sempre um novo perigo à espreita faz com que mesmo estando restritos a esse espaço nunca saibamos o que pode acontecer a seguir. As personagens encontram-se sempre em movimento, tornando este filme num dos mais dinâmicos que vi nos últimos anos. Para além do ritmo acelerado, é de notar que a ação é completamente insana, no sentido de que é capaz de nos deixar surpreendidos muitas vezes.
Como referi anteriormente, sente-se que este filme é uma brisa de ar fresco no género. Quando se fala de zombies, acredito que rapidamente vos vem à cabeça a série The Walking Dead, por exemplo. Ora, aqui temos um tipo de zombies completamente diferente, que entrega mais ação em duas horas do que a série entrega numa temporada inteira – atenção, que sou fã da série e já a acompanho desde 2010, o que às vezes me faz desejar que o seu ritmo fosse tão energético quanto o deste filme. Estes mortos-vivos parecem trabalhar em equipa, para além de serem rápidos. Por várias vezes vamos vê-los a amontoarem-se para atingir algo ou alguém, unindo-se para fazer mais vítimas. É nestes momentos que vamos sentir os nossos corações a bater mais rápido, com a subida da adrenalina.

Train to Busan é um filme que teve o sucesso merecido. Pode não ser a melhor sugestão para se iniciarem no cinema sul-coreano, mas é certamente um dos filmes que mais me marcou nos últimos tempos e considero que entrega uma experiência cinematográfica memorável. Se forem fãs do género, não posso deixar de o recomendar!
Embora não seja um género de filmes que me atraia, a tua crítica deixou-me com alguma vontade de o acrescentar à minha lista. Talvez me surpreenda
ResponderEliminarÉ um filme que acaba por trazer mensagens que vão para além dos típicos clichés associados aos filmes de zombies!
EliminarA Coreia está a ser muito falada.
ResponderEliminarPrimeiro porque causa de Parasitas e agora por causa do estupor coronavírus.
Boa semana
Aqui em Portugal não se fala de outra coisa, é só coronavírus, já chateia!
EliminarNão acho que este Train to Busan seja dos melhores exemplos do cinema sul-coreano, assim como o recente vencedor do Oscar. Digo-o por ser fã do que se faz nestas paragens, com especial preferência pela Coreia do Sul ou mesmo Taiwan. As minhas preferências continuam a ser Always ou mesmo Hear Me, só para citar dois. Parasitas, não querendo citar Trump, mas acho que a certa altura perdeu-se nas boas intenções que tinha. Resvalou para uma espécie de uma violência absurda que caracterizava os filmes asiáticos como os conheciamos no início, resvalando para um exagero que o fazia perder a credibilidade. Mas isso é o que penso.
ResponderEliminarMiguel, muito obrigada pela partilha de opinião! No caso do "Train to Busan" não posso considerá-lo um dos melhores exemplos do cinema sul-coreano, mas sim um dos melhores a abordar a temática dos zombies - que foi onde mais me foquei neste artigo e que é algo com que engraço. Já no que toca ao "Parasitas", dou o Óscar por muito bem entregue! Vou seguir as duas sugestões que dá no seu comentário e talvez em breve escreva um Rebobinar sobre eles. Obrigada pela visita! 😊
EliminarA crítica fez-me saudades de voltar a ver o filme, e já o vi pelo menos 3 vezes! :)
ResponderEliminarO "Train to Busan" foi para mim uma autêntica lufada de ar fresco em termos de filmes de zombies, gostei imenso do filme!
Joana, se ainda não viram, sugiro que vejam o "I am a Hero", um filme japonês de zombies de que também gostei bastante:
https://www.imdb.com/title/tt3775202/?ref_=nv_sr_srsg_0
Acredito que o Diogo é capaz de já ter visto, mas eu ainda não, por isso vou seguir a sugestão. Muito obrigada, João! 😊
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