De regresso à nossa maratona Ghibli, o filme de hoje é um que se preocupa com a natureza. Pom Poko: A Grande Batalha dos Guaxinins ou Heisei tanuki gassen ponpoko (1994), realizado por Isao Takahata e escrito pelo mesmo e também por Hayao Miyazaki, apresenta-nos uma comunidade de guaxinins que tenta salvar a sua floresta da destruição por parte dos homens, que querem construir uma zona urbana. Temos, então, uma premissa simples, mas o seu resultado complexo.

Na sua temática, Pom Poko pode assemelhar-se a algumas outras obras do estúdio, como é o caso de Nausicaä do Vale do Vento (1984) e também A Princesa Mononoke (1997), mas de resto apresenta personagens completamente originais, numa aventura diferente de tudo o resto. Eu diria que este é muito mais direcionado para os adultos. No meu caso, lembro-me de o ter visto em criança e na altura não gostei, achei um tédio enorme e a única lembrança que ficou em mim foi a abertura dos “paraquedas” – curiosamente, um momento bastante popular, já que os “paraquedas” são, na verdade, os testículos dos guaxinins; uma ideia um tanto arriscada para uma animação, não? Talvez por aí se perceba que este não é o típico filme familiar, até porque inclui ainda outras cenas de nudez, assim como algumas sequências de maior violência (mas não extrema, atenção).
Passados mais de dez anos desde a primeira vez que vi Pom Poko, decidi voltar a vê-lo e, para minha surpresa, gostei, e muito até, pelo que nem senti aborrecimento, como aconteceu da primeira vez – é de notar que o filme tem cerca de duas horas de duração, fazendo parte do conjunto dos mais longos do estúdio. Admito que muita coisa me tinha escapado e agora a mensagem que tem para oferecer consegue tocar-me muito mais, especialmente quando vivemos uma fase em que as preocupações ambientais começam a ter um maior peso na sociedade.

Este filme leva-nos a refletir. A refletir na necessidade de transformar a natureza. A refletir no habitat das espécies que nela vivem. A refletir nas próprias rotinas dos seres humanos e no impacto que estas podem ter. Penso que aqui temos o derradeiro confronto entre a natureza e o Homem, mas é interessante vê-lo contado por um peculiar grupo de personagens, os guaxinins, que com o seu tom divertido conseguem entregar uma história séria, num filme repleto de surpresas, se nos permitirmos entrar nesta aventura.
Para terminar, resta-me acrescentar que este é um estilo de entretenimento distinto. Tem a sua história e uma mensagem para contar, mas muitas vezes quase se assemelha a um documentário, pela maneira como as personagens expõe as situações que estão a acontecer, enquanto tentam deixar alertas para o espectador. Por este motivo, torna-se muito mais complexo. O resultado é, claro, delicioso, mas não para todos, nem para todas as idades!
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